2006/07/21

Mirabilis

Sonhei com a Torra da Barbela do Ruben A. Não com a história. Não me apareceram os espectros nocturnos dos Barbelas, vindos dos quatro cantos do mundo, homens e mulheres de outras eras levantando-se das valas, dos ataúdes, passeando-se, vivendo como vivos no meu sonho. Sonhei com o livro. Com o objecto físico propriamente dito. Sonhei que o comprava no dia em que se anunciava o fim do mundo. Multidões pequeninas, calmas, fugiam para as ruas. As pessoas saíam dos prédios, das casas e sentavam-se nos jardins, nos largos e nas praças, esperando tranquilamente o fim do mundo. Eu, e os meus, também fugíamos para a rua. Antes, porém, cada um de nós procurava um objecto para o acompanhar. Eu não hesitei e levei esse livro. A Torre da Barbela. É estranho que tenha sido essa a minha escolha, uma vez que nunca o li. Andam eruditos os meus sonhos. Prefiro os outros sonhos, aqueles em que sou feliz e aqueles em que o meu corpo é feliz. Há que tempos que não tenho um sonho erótico. Já nem me lembro do último. Sinal evidente de que a minha frigidez se agrava. Já se instalou em mim. Já tomou conta dos meus sonhos, daquilo que sou por baixo do que sou. Triste sina.