2007/09/05

Anatomia de Grey

Acelero a rotina dos miúdos. Engrosso a voz. Tudo deitado. Rápido. Hoje a história é pequena e não há tempo para cantorias, nem para leitinhos, nem para conversas sobre isto e sobre aquilo. Eles estranham a minha pressa. A Dádá choraminga. Temo o pior. Dou-lhe um beijinho repenicado e prometo compensá-la com a história da sardinha Julieta. Ela acena a cabeça, aquiescendo. Respiro de alívio. Deito-me por fim em frente da televisão com o primeiro cigarro do dia na mão. Estou viciada na Anatomia de Grey. O mundo pode desabar que eu não perco um episódio. E tenho, admito, um fraquinho do Dr. Derek Sheperd. Tem ar de tudo menos de médico.

(A seguir, lá para a meia noite, passaram uma série sobre lésbicas. Parece que dá todos os dias. É a coisa mais deprimente e desinteressante que já vi. Uma catrefada de mulheres, todas boazonas, dadas às artes, claro está, lindas, magras e maquilhadas, soluçando traições, apregoando o desprezo dos malvados heterossexuais, vivendo entre elas, numa espécie de comuna de fufas contentinhas e orgulhosas por assumirem a sua orientação sexual. Não há pachorra. A série não é má. É péssima. Larguei logo um chorrilho de palavrões. Mais valia darem dois episódios da Anatomia de Grey.)