2007/09/13

Cimeira

O Ministério dos Negócios Estrangeiros anda preocupado com a cimeira UE-África. O primeiro-ministro inglês já avisou que não põe cá os pés se o presidente Mugabe vier. Faz bem. Este, por gostar de provocar as ocidentais democracias, quer vir. Os nossos diplomatas, para evitar embaraços, andam que nem umas baratas tontas a tentar convencer Angola e a África do Sul a congregar esforços para que, em substituição do presidente do Zimbabué, venha um qualquer ministro. Eduardo dos Santos, essa pérola negra, tão rara, tão polida, tão distinta, e Thabo Mbeki, já recusaram tal tarefa. Mugabe é um herói africano e os heróis nunca se afrontam. Eu leio e pasmo. Gostava de saber para que serve uma cimeira UE-África. Para que serve? Que propósitos se procuram alcançar? A dúvida não é só minha. Segundo o Público ainda não está definida a agenda e o conteúdo das discussões da dita cimeira. Dá a sensação que a presidência portuguesa faz finca-pé numa cimeira mas não sabe muito bem para que serve a mesma. Até ver só servirá para meia dúzia de ditadores africanos vir pingar o sangue dos seus povos nos copos de cristal dos banquetes que o estado português lhes servirá nos palácios da cidade. Entretanto, em Cabo-Verde a primeira universidade pública iniciou o segundo ano lectivo. Oferece mais de vinte cursos, grande parte de componente tecnológica. É uma boa notícia. A mim, que sou uma tonta, enche-me de esperança e alegria. É mais uma prova de que Cabo-Verde merece, tal como vem reclamando, uma parceria privilegiada com a UE. A presidência portuguesa, em vez de perder tempo a organizar cimeiras da treta com gente que não vale um chavo, devia trabalhar nesse sentido.